terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Parceria do casal

Se alguém que não é mãe de múltiplos, ou principalmente ainda não é mãe, ler meus relatos anteriores irá ficar assustada com tanto descontrole, mas não é essa minha intenção.
A realidade é que são maternidades diferentes (de 1 bebê ou múltiplos), pelo menos no início.

Agora com os meninos com 2 anos, sinto que a rotina diária se assemelha muito com a rotina de uma mãe com vários filhos.
No início não! é tudo multiplicado pelo número de bebês, por isso a dificuldade muito maior! Além de tudo, eu acho que tive também uma experiência diferenciada pela presença de meus conflitos emocionais - que foram muitos... mas que com certeza não são os mesmos para todas as mães de múltiplos.

A maternidade é uma delícia sim!!  INEXPLICÁVEL!!
Deve ser muito vem vivida e aproveitada em cada etapa, pois como já falavam nossas avós: as fases passam rápido e sem a gente perceber os bebês serão meninos, adolescentes e homens!!
Os bebês são umas gostosuras: cada som, cada risadinha, cada movimento é uma conquista muito comemorada.
O primeiro objeto segurado, a primeira rolada na cama, o dia que conseguiram firmar o pescoço e depois sentar - tudo parece o máximo pra gente!!!

A nossa casa é uma alegria só! Muito agitada e feliz 24 h / dia.
Como são espertos, parecem muito mais velhos! -  a gente vive dizendo.
O amor realmente cresce a cada dia. Imagina só um amor triplicado, que máximo!
As partes boas da maternidade superam em muito as dificuldades.
É uma delícia reviver esses momentos e lembrar da trajetória de cada um dos meus tri.
Agora sim -depois de 2 anos - eu consegui marcar as datas dos primeiros dentinhos, das primeiras palavras, etc. Já uma mãe de 1 bebê consegue fazer isso no mesmo dia, eu acho.

Mas uma coisa eu tenho certeza: pra maternidade ser realmente uma delícia, a gente tem que ter um marido muito parceiro.
Parceiro no sentido real da palavra - que divida as responsabilidades e o trabalho manual, que dê colo pro bebês e também pra gente chorar quando quiser, que faça  palhaçadas pra gente rir quando percebe que o clima atá pesado e  que se cala quando percebe que o clima está pior ainda. Um parceiro que faça carinho na gente mesmo que não receba, pois consegue entender que o amor ainda está lá, mas está direcionado para outro foco neste momento.

Eu tenho a sorte te ter um maridão assim!!

Eu não posso reclamar do Lú em nada, pois ele sempre me ajudou muito - é claro que do jeito dele - mesmo não combinando a cor da roupa dos meninos com as meias e sapato. Mas isso não é importante para os homens!!
Como pai é o máximo = super brincalhão, bagunçeiro, amoroso, presente.
Um barato ver os meus 4 homens brincando - confiram:





O Lú também me ajudou e ajuda muito com as questões emocionais e na organização da minha rotina de mãe e profissional - Ele tem uma visão mais prática e racional das coisas - coisa de homem, né! O que pra mim é fundamental e ótimo.

Sei que a gente conquistou esta cumplicidade durante a fase do casamento sem filhos - foram 6 anos de muito companheirismo, respeito e amor. A base do nosso relacionamento é muito forte e por isso conseguimos suportar tantas dificuldades com tanto carinho e paciência.
Eu sei porque Deus nos presenteou com nossos trigêmeos. Como eu sempre digo, ele acredita que a gente fará um bom trabalho - nós temos muito amor para dividir e multiplicar ainda mais!!!!!

Lú: TE AMO MUITO - SEMPRE!!!!

Que declaração heim!!! pública!

Beijos

Soraia

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

DIA-A-DIA / FASES EMOCIONAIS - I

Hoje, posso dizer que meu dia-a-dia é uma delícia!



Os bebês estão com 2 anos e 3 meses e  mais independentes: já não exigem colo o tempo todo - fora os muitos períodos de manha, é claro -  se expressam super bem, brincam juntos mas também brigam o dia todo, falam o que sentem e o que querem, etc.
Só falta sairem das fraldas!!!!!!! Estou quase lá!!!
Em resumo, posso ao menos ir ao banheiro ou comer sem ninguém pendurado em mim.
Agradeço várias vezes ao dia por ter 3 meninos lindos, saudáveis, inteligentes, carinhosos e felizes!!!!
Coruja eu ?? Não  - só realista!!

Mas no início era uma loucura! 24 horas de total dependência - mesmo tendo uma babá de dia e uma de noite, e graças a Deus, também minha mãe para me ajudar, eu sentia que era minha responsabilidade estar perto e fazer tudo - mesmo estando amamentando 1 bebê, eu queria trocar a fralda do outro e ficava vigiando e dando ordens para quem estava com o terceiro - fiquei piradinha, hoje reconheço!

Não dormia de dia nem de noite para poder dar conta dos 3 e estar sempre junto das babás. Olha que meu marido sempre me ajudou muito, mas coitado, sempre levava ordens e broncas.
Nem sei dizer quanto tempo isso durou, pois o tempo real estava parado para mim.

Só sabia pensar em horário das vitaminas, banhos, fraldas, mamadas - todos deviam peencher corretamente as planilhas pra gente não se perder nos cuidados com os bebês - sim, eu tinha uma planilha que por sinal foi fundamental por 1 ano.

Não consegui fazer nada daquilo que li ou sabia na teoria, uma vez que sou GO e sempre oriento minhas pacientes grávidas sobre o que elas devem ou não fazer com suas vidas quando o bebê chegar.
Tão mais fácil falar do que fazer!
Minha frase preferida: A criança está entrando na vida de vocês e não vocês na vidinha limitada do bebê!!!
Tão verdadeira, mas tão difícil de ser executada!
Meu Deus, que difícil no caso de trigêmeos.!!

Acabei me anulando completamente - minha vida era cuidar dos 3.
A troca de amor é tão intensa que supre qualquer outra necessidade - somando com o desgaste físico no final do dia, eu nem comia direito e muitas vezes não tinha energia para tomar banho.




Será que a prática é tão diferente da teoria?
Não sei a resposta, só sei que quando a gente vivencia a MATERNIDADE MÚLTIPLA, vê que não é fácil encaixar as condutas ideais durante a rotina torturante dos primeiros meses -  ainda mais quando se é perfeccionista com eu; aí sim, um prato cheio para cobranças e para a depressão pós parto.

Cuidar de 3 bebês é tarefa para um batalhão de gente experiente e não para uma mãe de primeira viagem!!

Eu queria levar as enfermeiras da UTI NEONATAL para casa.
Ficar vivenciando o ambiente de uma UTI neo é torturante e a gente não vê a hora de estar com os bebês em casa, mas ao mesmo tempo, elas cuidam deles tão bem e nos dão uma segurança tão grande, que
quando recebemos alta, nosso chão desaba!

 Agora é pra valer! Eu vou cuidar dos trigêmeos com ajuda de 2 babás (1 de dia e 1 de noite) que foram muito bem recomendadas e que hoje eu adoro, mas que nos primeiros meses, eram 2 estranhas dentro da minha casa, querendo cuidar dos meus filhos - que prepotência - eu achava !!!!
Foi bem difícil para mim admitir que eu precisava de ajuda, apesar de isso estar explícito na minha vida à partir do nascimento dos 3!!!!!
Minha maravilhosa e sábia mãe diz que este é o aprendizado da minha vida: saber ser dependente - pedir ajuda não é sinal de fraqueza!
A minha auto-suficiência era extrema.
Que mudança de vida!!
Que lição de vida!!


Percebi e senti  que sou muito querida, pois tive ajuda de muita gente - amigos e familiares - OBRIGADO a todos.
Mas gostaria de fazer uma homenagens às pessoas mais importantes para mim nessa nova fase de vida:
MEU PAI - MINHA MÃE - MINHA TIA NENA.
Sem a presença, o amor, a compreensão, a dedicação, os ensinamentos e o respeito deles eu não teria sobrevivido - MUITO OBRIGADA!
AMO E ADMIRO VOCÊS CADA DIA MAIS.


Beijos 


Soraia

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

maternidade x mulher moderna


   Não sei se estou tendo uma crise existencial ou apenas tendo maior noção da MINHA VIDA REAL.

Como será que podemos nos preparar melhor para os conflitos emocionais e reais da VIDA DE UMA MULHER AUTO-SUFICIENTE QUE SE TRANSFORMA EM UMA MÃE SUPER DEPENDENTE de uma, duas, três ou mais crianças; que precisará dividir seu tempo, seu pensamento, seu amor, suas emoções e ainda estar equilibrada, linda, sempre feliz? Bem eu não consegui por 2 anos!! Hoje acho que estou um pouco melhor, mas tenho certeza que bastante longe do ideal - ainda estou louca!!!!!


Acho que, acho não, tenho certeza que a mulher do século XXI não se prepara para a VERDADEIRA MATERNIDADE- ninguém ensina isso pra gente nos colégio, cursinhos pré vestibulares e faculdades.
A gente é preparada para ser uma profissional de sucesso, ocupar um cargo de comando; temos que fazer pós graduação, mestrado, talvez chegar ao doutorado, etc...                   Trabalhamos > 10 h / dia!!!!!!!
Deixamos a maternidade para depois dos 35 anos, quando já organizamos um pouco nossa vida.


E aí, temos a notícia da gravidez!!!!!!!!! Nossa, que emoção!!!!! a gente já pensa em uma gestação exemplar, ganhar pouco peso, fazer ginástica, ter uma barriga linda para desfilar.
Já imaginamos um bebê gordinho, o quartinho, as roupinhas ....... Como toda mulher moderna temos que programar a compra de tudo e calcular o prazo de entrega, contratar uma decoradora, ufa!


Mas aí vem a grande notícia: GESTAÇÃO MÚLTIPLA DE TRIGÊMEOS!


Aí, você já não consegue pensar em mais nada - passa dias com a cabeça sem raciocínio, parece que tiraram sua massa encefálica. Aos poucos começam ao perguntas básicas:  Como vai ser? Será que eu dou conta? Quem eu preciso contratar pra me ajudar? Quantas pessoas serão?
De qualquer forma, nos preocupamos apenas com a organização de tudo.


Mas hoje, 2 anos após o nascimento dos 3 grandes amores da minha vida, eu reconheço que  eu não sabia que precisava me preparar para a intensidade do amor de mãe, para a loucura do instinto materno e para a irracionalidade da  maternidade.

Principalmente em dose tripla!


Eu já não sabia mais quem eu era, perdi totalmente minha racionalidade e minha personalidade -  DEIXEI DE SER UMA MULHER FORTE PARA SER UMA MÃE LEOA Não me reconhecia mais; ficava rodando atrás do próprio rabo e não sabia mais tomar decisões pessoais - por isso chorava diariamente escondida, durante o banho. O choro durou mais de 1 ano!! Acontece ainda hoje, mas esporadicamente.


Em compensação, com os bebês eu era e sou a super mãe, estou sempre perto, levo e pego na escola, dou banho, escovo os dentes, leio historinhas, corro, brinco de carrinho e massinha, canto, chuto bola, FAÇO GUERRA DE TRAVESSEIROS E GANHO GARGALHADAS, preparo as mamadeiras, dou comidinha, troco as fraldas, oriento, ensino, dou bronca, coloco na cadeira do pensamento, tento impor limites, etc... E tudo isso após um dia longo de trabalho e imensa responsabilidade, já que a loucura sempre ma acompanhou, pois sou GINECOLOGISTA E OBSTETRA.




Bem, vou deixar para os próximos capítulos as complicações deste comportamento em relação ao marido, família e profissão - coitados!!


Quem sabe trocando experiências a gente não melhora a nossa vida e também a vida das próximas Mães de Múltiplos.


Beijos


Soraia